2005/03/15

Ainda os medicamentos 

Reparei que esta primeira medida anunciada pelo governo tem suscitado grande discussão, principalmente em torno da questão da garantia das condições para a venda de medicamentos nas grandes superficies, ou nos locais onde esta venha a ser aprovada.

Aparentemente, depois de perdido esse argumento, parece que o "lobby" farmacêutico vem agora com o "novo" argumento da pílula do dia seguinte, que sendo de venda livre, virá a ser comercializada nas referidas superfícies. Aquando do aparecimento destes fármacos, farmacêuticos defendiam a venda livre, com razão, contra a opinião de outro "lobby", o dos médicos. Veremos se não vão mudar de opinião agora, argumentando que as pessoas são imaturas e irresponsáveis, usando este método contracéptivo de emergência, como se fosse outro qualquer, atendendo à maior facilidade de acesso ao mesmo.

Mas a que me parece ser a grande questão tem sido deixada practicamente à margem da discussão. A questão do mercado de venda de medicamentos: neste momento, nem sequer existe liberdade para abrir farmácias, dependendo de licenças limitadissimas, ordenadas por critérios obscuros, que não atendem minimamente aos interesses dos clientes, mas só a determinados grupos de interesse. Não consigo encontrar paralelo em mais nenhum sector económico deste país. Isto é um atentado à livre concorrência.

Não faz sentido fazer "só" esta mudança, sem alterar tambem as regras do jogo para a própria criação de farmácias. Mas penso que isto foi só o começo, que foi só para lançar a discussão pública sobre o assunto. Aguardemos pelas propostas concretas.

Sobre este assunto, só mais uma referência a uma crónica de Vital Moreira.