2005/04/04

Era uma vez uma estranha sociedade... 

E de repente dou comigo quase num dos mais puros e irracionais descontrolos emocionais que caracterizam a espécie humana que de tanta repreensão cultural é levada a deixar de poder sentir pois não é politicamente correcto!
E isto porquê? Frequentando, como estou a U.B.I (Universidade da Beira Interior) dou comigo numa sala rodeado por quarenta a cinquenta colegas de curso, envolvido num momento de avaliação (defesa de Projecto), onde foi previamente estabelecido que iria ser avaliado por três elementos docentes que constituiriam um júri de avaliação, dois docentes do departamento de Ciências do Desporto e um docente de Economia.
Ao iniciar o processo (apresentação oral de cinco minutos, com um momento de refutação do júri do mesmo tempo) deparo-me com a ausência do chamado elemento neutro que seria o professor de Economia pois este é certamente o que menos conhece a realidade vigente dentro do departamento de Ciências do Desporto, o que significa que fui avaliado por dois docentes que bem me conhecem com as respectivas vantagens e desvantagens que isto acata, só me irrita pelo puro incumprimento das condições definidas para o processo de avaliação.
Mas eis que começa a verdadeira história…
Nos já alguns anos que tenho de frequência deste curso sempre me deparei com a mesma a realidade, o elevado grau de conhecimento docente \ aluno, muito vantajoso por sinal (pelo menos assim o diz a convenção de Bolonha) que tem como simples indicador o facto de qualquer docente deste departamento saber o nome dos alunos que o frequentam, até aqui tudo bem.
Não fosse o grau de sordidez que esta relação criou, com os respectivos favorecimentos de alunos dissimulados que com base em critérios de pura e obscura bajulação enganam os docentes e fingem-se interessados e estudiosos, e os docentes que preferem ter alunos que fingem que estudam, do que perder tempo a estimular os que realmente se interessam para que trabalhem mais, é fácil e tentador ser-se idolatrado!
Pois que nas defesas dos projectos deparo-me com afirmações quase absurdas por parte da presidente do júri como passo a citar, “ eu sou um pouco suspeita para avaliar este projecto, pois estou muito envolvida com ele porque me interessa como cidadã”, seguido duma tentativa de tentar remediar o absurdo que tinha dito “ como me interesso com todos os projectos que me tragam”. Nesta altura já eu ouvia um daqueles risos maléficos que se ouviam nos filmes de terror dos anos sessenta (HAHAHAHAHAHAHAHAH) e me imaginava com uma AK47 a encher aquela cabeça de balas, até que um dos meus colegas é completamente humilhado e comparado a um vendedor de banha da cobra, e eu dou por mim no meu momento de refutação a fazerem-me perguntas sobre matérias sobre as quais o próprio júri não me sabe dar respostas, é no mínimo vergonhoso!
Permitam-me fazer aquilo que eu como futuro cientista e investigador menos gosto de fazer, mas tentem pelo menos compreender o cenário, uma correlação directa de informação ou um transfere de uma situação especifica para uma generalização, pensem no que acontece á nossa volta todos os dias, aos nossos pais, aos nossos amigos a nos e a quem nos rodeia e pensem bem se não conseguem encontrar pelo menos uma situação semelhante á que me aconteceu.
É este o estado da nossa sociedade? A bajulação é primordial e as competências são encaradas de uma forma secundária e quase desnecessárias para exercer qualquer tipo de função? Todos nós não presenciamos já, um caso onde o puro engano é já parte do processo? É ou não corrente que exista incumprimento de todas as condições previamente estabelecidas para o desenrolar de qualquer coisa e mesmo assim ela aconteça? Somos nós assim ou não? Tenho o direito de gritar ou não? É que já chega! Caros leitores e amigos co-camarões, não se assustem não consegui comprar a AK47 em lado nenhum (nem sequer procurei), mas escrevo este texto e garanto-vos que já larguei umas quantas bombas químicas naturais dentro daquele departamento! E acho que vou perder tempo a elaborar um maléfico e tenebroso plano de vingança para tudo isto, mas com certeza que quando chegar a altura provavelmente vou estar demasiado ocupado para o cumprir, por isso aceitam-se ideias! Obrigado.