2005/03/23

"Vou levar-te comigo..." (Duo Ouro Negro) 

Aconteceu novamente nos Estados Unidos, essa prolífera nação onde tudo acontece...

Um qualquer adolescente resolveu dar azo às suas frustrações e/ou problemas pessoais e convenientemente acompanhado por algumas daquelas armas a que os americanos parecem facilmente conseguir deitar as mãos, resolveu dar um passeio pela sua escola, atirando a tudo o que respirasse, ao mesmo tempo que entrava em delírios teológicos acerca da existência ou não do Criador, conseguindo com essa brilhante e corajosa acção (não existe nada mais másculo que disparar contra adolescentes desarmados, pois não?), roubar a vida a pelo menos 9 pessoas, incluindo-se a ele próprio na contagem final, uma vez que depois de ter trocado alguns tiros com a polícia local, o nosso rapaz resolveu suicidar-se...

A questão que se coloca é esta: porque razão estou eu a ponderar sobre mais este exemplo daquilo que nos separa dos animais? (a estupidez, caros amigos, nem mais...)

Porque estou a desenvolver uma teoria...

Todos sabemos que os Estados Unidos da América têm uma sede por armas e conflitos que não tem rival em nenhuma outra nação do mundo. Os lobbies da indústria militar/armeira são de tal forma fortes (Charlton Heston, essa figura...), possuíndo um poder de insinuação tão poderoso na sociedade americana (que tão bem exemplificou Michael Moore), que alguns de nós acreditam mesmo que são eles que têm ajudado a controlar diferentes administrações americanas (foi você que pediu uma teoria da conspiração?), pois só assim conseguimos compreender que em pleno século XXI, aquela nação se sinta psicologicamente presa no tempo dos velhos westerns de cordel.

Algumas considerações: a par da Suécia, o nosso Alentejo tem uma das taxas de suicídio mais elevadas da Europa. Mas para meu espanto, os nossos suicidas alentejanos, tal como os fatalistas suecos, morrem sozinhos. Já sei o que estão a pensar... Tudo bem, pode ser uma coisa cultural mas, no meu ponto de vista, o suicídio é um acto solitário. Corajoso, cobarde ou desesperado, seja como for, é algo que habitualmente se faz sozinho. A única excepção à regra são os suicídios dos amantes, com todo aquele romantismo do "juntos até ao fim e coiso...".

A minha teoria (é fraquinha, eu sei, mas cada vai disto!) - Os americanos, inovadores como sempre e como só eles sabem ser, tomam nas suas mãos os créditos pela invenção do suicídio social! O problema inerente a esta nova tendência é que não existem muitos adeptos da prática. Posso ser só eu, mas consigo compreender perfeitamente bem os aborrecimentos da coisa. Afinal de contas, quando nos fartámos dos yô-yô's não arranjámos logo um skate? E o que acontece quando nos fartarmos de estar suicidados?
Assim, como não existem muitos indivíduos a aderir, conseguimos nós compreender estes rapazes novos, sempre à procura da nova moda mas que não gostam de fazer nada sozinhos, que numa caminhada enlouquecida rumo ao seu suicídio, resolvem levar mais alguém consigo. No fundo, o problema é a solidão...

Por fim: face ao cenário apocalíptico que ficou para sempre gravado na história daquela cidade, na vida daquelas pessoas, dou comigo a olhar para um disco de From First To Last e compreendo que a resposta a tudo está lá, naquele título: "Dear diary, my teen angst has a body count".

Por detrás do delírio, existe razão...