2005/03/21

Sonhos, rotinas e filmes... 

Eles estiveram lá quase todos, acomodados nas suas tribunas parlamentares, na ânsia de ouvir a nova programação governamental, mas ainda mal a procissão tinha saído da igreja e logo a colecção de santos e milagres foi posta em causa.

Para mim, foi como se tivessem começado a rodar as bobines para um filme que já vi anteriormente e que nunca mereceu o meu voto para os Óscares.
Os actores vão mudando e a cada nova estreia pensamos estar perante uma grande produção, mas com argumentos da qualidade dos que nos são apresentados, o futuro da indústria pode estar seriamente ameaçado...

Também não votei nesta produção, nem neste realizador, mas o facto do genérico apresentar uma relativa promessa de competência (colaboradores em áreas da sua especialização), deixou-me pelo menos a esperança inicial de um tempo bem passado. Espero não me estar a iludir de uma forma demasiado óbvia, mas apenas o referido tempo me pode dar razão ou desmentir.

Sou adepto de um pequeno livro que se intitula "A Governação pela competência", no qual encontrei uma apologia muito simples da escolha dos indivíduos mais aptos para os lugares de governação mais indicados com as suas qualidades e conhecimentos. Simples, não é? São ideias tão simples que fico admirado como nenhum dos nossos governantes se lembrou de aplicar estas linhas orientadoras até ao momento... Corrijam-me se estiver enganado.

Promovo aqui que se escreva um novo capítulo deste livro e daqui envio a minha contribuição para o seu título: "A Oposição pela competência". Porque também é preciso uma oposição que funcione, para que a governação possa funcionar. Ser oposição só porque sim, só porque a cor da ideia não é a nossa cor preferida, é ser um entrave tão grande para a democracia e para os seus processos, como todos aqueles que abominam a dita governação pelos eleitos do povo.

Pessoalmente, não estou nem um pouco ansioso por quatro anos (se este governo durar até lá) de uma oposição baseada naquela personagem criada por Maurício, para a sua Turma da Mônica, o por demais famoso, Do Contra! Ofereçam-me uma oposição activa e inteligente, esforçada e interessada e não mais-daquele-mesmo que nos têm oferecido as oposições de sempre.

Eu tive este sonho, concedo que ingénuo, de assistir a uma simbiose governo/oposição em que coisas realmente importantes eram geridas, debatidas e resolvidas. Onde a evolução intelectual e social era uma realidade e não apenas uma lenda, incluída num argumento para um filme que continuamente é pontapeado de realizador para realizador. Eu tive este sonho e confesso que às vezes ainda o tenho...